Título: Cataclismo – Livro I da Trilogia CataclismoAutor(a): Tázio Silvestre
Lançamento: -
Páginas: 163
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Sinopse: A vida de Matt Gilbert é tomada por terríveis acontecimentos depois da sua viagem. Estes acontecimentos são avisos do que pode está por vir. Sua cidade, Covington, é assolada por mortes inexplicáveis e isso pode ser só o começo... Matt é tentado de morte por um temido demônio, Yalax, ele corre risco de vida. E é no meio de tudo isto que ele descobre sobre a sua origem, a qual pode lhe afetar para sempre... Em busca de respostas, ele se ver diante uma batalha travada entre anjos caídos e anjos de luz. Mas tudo se resume a ele, e uma perseguição mortal começará.
Este texto pode conter SPOILER do livro “Cataclismo.”
É muito difícil ser autor no Brasil, querer seguir sua imaginação, desenvolver personagens únicos e humanos e criar mundos indescritíveis, enquanto uma boa parte desses leitores e até mesmo os chefões da industria, os editores, acreditam que brasileiro só pode escrever sobre situações que acontecem no Brasil e principalmente, a história precisa ser no nosso país, alguns até dizem que você pode criar uma história que se passa em Paris desde que você já tenha estado lá, o que acho tolice, contudo eu entendo. Há muito tempo atrás, em Portugal, era moda escrever sobre a história de sua nação; Camões fez isso, enaltecendo seu povo e criando uma das maiores epopéias já escritas; Fernando Pessoa seguiu seus passos, visando uma idéia similar a de seu conterrâneo e muitos outros, contudo será que hoje em dia eles seguem esse mesmo pensamento de enaltecer sua cultura acima de tudo? Creio que não.
Não é porque eu sou brasileira que sou obrigada a desenvolver uma história que se passa aqui, que se for criar uma história fantástica terei que falar de curupiras e sacis. Não! Se eu quiser escrever sobre uma jovem de olhos azuis e pele negra, com descendência brasileira, mas que é britânica e que vive na Alemanha eu posso e irei fazer isso, mesmo nunca tendo ido na Alemanha, além do mais pesquisa está ai para isso ...
Tázio Silvestre é um desses autores que dá vários tapas nas idéias criadas por um grupo e segue um caminho completamente oposto; ele não é o único, mas ainda vemos muitos autores ótimos com livros fantásticos que não são publicados por não seguir as regras necessárias, a maioria já citada acima.
“Cataclismo” tem como plano de fundo a temática anjos, muito explorada atualmente por nossos vizinhos americanos com alguns títulos ótimos (Como a série Hush Hush da nossa querida Becca Fitzpatrick) e outros decepcionantes (A série Fallen da Lauren Kate), a obra de Tázio oscila entre o ótimo e o precisa-melhorar, tudo bem, além do mais esse é o seu primeiro livro, não poderíamos esperar dele um Best Seller, até os maiores escritores tiveram seus defeitos em seus primeiros manuscritos. Felizmente, os erros cometidos por Tázio são aceitáveis e todos podem ser concertados com pesquisa, determinação e muita paciência.
Vamos falar sobre o enredo.
“Cataclismo” não tem um enredo original, sua história é na realidade muito similar a “Sussurro” e “Fallen”, um jovem, que tem uma vida normal de escola-amigos-tomarrefrigeranteemfestas-dormir, descobre que não é apenas um humano e sim, um nefilim e que isso lhe dá poderes incríveis e sérios problemas, como suas quase duas mortes.
Tá, já vimos isso antes, certo?
Sim, mas obviamente a história tem seus diferenciais, como o elenco secundário e como tudo se desenvolve até a descoberta de Matt sobre o seu lado nefilim e sua vida virando de cabeça para baixo. Um outro diferencial na trama é que não há romance explicito, o que é ótimo já que todos os livros que envolvem anjos/imortais existe um romance e na maioria das vezes é um amor que atravessa os séculos e isso já cansou.
Matt desenvolve um interesse amoroso por Rachel, mas não é nada meloso e romântico demais, ele não tem tempo para pensar em amor com sua vida virando de cabeça para baixo; pontinho para Tázio. Romance é importante, mas não precisa ser o centro de tudo.
Por ser o primeiro livro do autor senti que ele foi meio afoito com o desenvolvimento da história, ele pesquisou sobre os nefilins por exemplo, mas eu sentia enquanto lia que ele podia ter ido além da concepção já dada de tais criaturas; Senti também que ele podia ter desenvolvido melhor certas cenas, principalmente alguns relacionamentos entre o protagonista e seu protetor, Natanael. Outra coisa que desejei profundamente foi conhecer melhor os outros anjos, senti uma boa vibração vindo de suas cenas e sinto que eles seriam um ótimo acréscimo aos personagens secundários.
Os melhores amigos de Matt – Michael, Roland, Elizabeth e Rachel – são ótimos em cena, mas as vezes suas cenas são desnecessárias, em outros momentos divertidas e vivem nesse meio termo durante todo o livro. Michael e Elizabeth não são bem explorados; Roland e Rachel sim, talvez tenha sido esse o problema, essa falta de equilíbrio entre os personagens acabam por desequilibrar cenas que seriam cruciais para a trama, como quando o grupo se une na arquibancada para assistir a partida do jogo de basquete e deveria ficar um clima tenso entre eles, mas não senti isso, na realidade, não senti nada.
Já que estamos falando dos personagens ...
Matt é um pouco apático com as situações que o cercam, apenas uma vez durante todo o livro ele pensa sobre tudo que está acontecendo, mas durante a ação ou momentos de tensão, como quando ele começa a ouvir as pessoas, ele age com normalidade, fica incomodado, mas não se questiona o porque de estar ouvindo as vozes; ele é o típico garoto americano: educado, inteligente, bonito, de boa família, é um personagem interessante, mas que podia ser bem mais explorado.
O que mais amei em “Cataclismo” foi o acréscimo da família de Matt na história, eles não tem nenhum papel importante, porém só a sua presença mostra uma característica importante de Matt: ele é um jovem bom, carinhoso e amado por sua família, sua mãe é amorosa e adorável, seu pai é o típico “pai” americano: sério e trabalhador, acho essencial que livros que tem protagonistas adolescentes tenham a família em plano secundário, é uma ótima forma de conhecer o personagem a partir de seu contato com esses membros. Um exemplo: Você podia ver o isolamento de Bella Swan só pelo fato dela não ser carinhosa e afetuosa com seu pai e sua mãe.
Os amigos de Matt, como eu já disse, tiveram um certo problema em suas criações, alguns foram bem desenvolvidos e outros nem tanto, vamos falar dos bem desenvolvidos é claro: Rachel é ótima; engraçada e carinhosa é o tipo de amiga que qualquer um iria querer ter, dá para notar no fim do livro que ela será peça fundamental na vida de Matt na continuação do livro; Roland é o amigo engraçado que está a qualquer momento pronto para ajudar seu melhor amigo, figura importantíssima na vida do protagonista.
Também como comentei, os anjos parecem ótimos personagens, mas não tiveram a chance de serem bem explorados nesse livro, quem sabe no próximo, não é? Mas confesso que gostei muito de Gabe e Jessica, eles tem uma atitude enigmática deliciosa de ler.
Natanael Natanael ... Eu gosto dele, mas esperava mais do personagem. Talvez uma postura mais firme, determinada e fria, além do mais não é a primeira vez que ele vê a alma de Matt sendo morta pelo que dá a entender (ou quase morta como no caso atual), ele deveria ter uma postura um pouco diferente é o que acho como leitora, mas não sei a visão do escritor com o personagem.
Os vilões foram ... vilões. Com seus monólogos característicos e atitudes costumeiras, não me apaixonei por nenhum deles e nem fui surpreendida, contudo gostei muito da cena final (cortei essa parte, pois não soltarei spoilers!).
A escrita de Tázio é boa, em vários momentos me recordei do método de escrita de Becca Fitzpatrick, ela que escreve de um modo direto, com cenas sem muitas descrições (o que me incomoda), mas que lhe dá uma idéia cinematográfica de tudo que é dito ali e com capítulos curtos, assim tendo uma leitura mais rápida do livro, contudo nesse manuscrito mostra uma certa deficiência com alguns elementos do português, que já foi superadas atualmente, já que tive o prazer de ler alguns textos atuais do rapaz.
Como já disse ao autor, ele precisa editar o livro todo, rever algumas cenas/personagens, criar novas situações para desenvolver novas cenas apresentando melhor os personagens e enredo e até mesmo explicar melhor o porquê de Matt ser tão perseguido assim, deve ter um motivo maior certo? Não é só porque ele é um nefilim ou é? Se for, deixe isso bem claro. Outra coisa também: Matt poderia ter tido mais treinamentos (já que amei a cena do treinamento dele), os poderes dele poderia ser explicados antes e não jogados na cara do leitor, lembrando que o leitor sabe ler, mas ele não lê mentes, não entende o que se passa em nossa cabeça.
“Cataclismo” é uma leitura fácil, gostosa com uma história envolvente e interessante, precisa de suas melhoras como muitas histórias em todo mundo, mas essa necessidade é ótima para o livro já que tenho certeza que com a maturidade de Tazio “Cataclismo” tem a possibilidade de ser um dos melhores YA do Brasil, ele só precisa ter determinação e paciência e saber que a história tem suas falhas e que ele tem a capacidade de concertá-las.
É uma leitura que recomendo com toda certeza.
E estou muito ansiosa para ler a sua continuação, “Tempestade” e diz a lenda que o segundo volume da trilogia e melhor do que o primeiro, mal posso esperar.
NOVIDADE
Cataclismo logo em breve estará passando por modificações em seu todo, inclusive na sua história em si. Você deve estar se perguntando por que mudei a capa, é simples. Achei que com a reformulação da sinopse, o livro iria merecer uma nova cara, e eis que criei essa!
Uma traição. Um anjo caído. E uma maldição. Matt sempre soube que nunca fora normal. Ele sempre via – em sonhos e em visões – adolescentes serem mortos cruelmente, cada um em um tempo diferente, séculos. Ele nunca soube o porquê, mas, nem desconfiava o que estava por trás de tudo... Ao descobrir um mundo celestial onde nem tudo está seguro, Matt se vê diante de verdades que poderá destruir tudo o que ele sempre pensou... E tudo o que está ao seu redor. Ao seu passado.
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